quarta-feira, novembro 30, 2005

Se fui eu mesma que (me) inventei...

você não existe mais pra mim.
desculpe dizer assim, com palavras cruas.
e não se preocupe, que estou serena.
a sua não-existência se dá na forma de talvez um pássaro que a gente vê voar longe, e gosta dele por isso - porque ele é quase inatingível,
não se sabe ao certo nem se é um pássaro realmente.
a sua não-existência é pra mim um motivo para gostar de você.
não posso tê-lo...vê-lo, e sei de seus atos por palavras.
finalmente, então, você é o personagem que eu busquei pra mim.
que às vezes me decepciona, como quando, no meio da minha história,
você beijou alguém no meio do bar.
tudo bem, não-existir dá-lhe o direito de viver dias sem-lei.
e eu tive que reescrever, apagando da nova versão outro personagem meu que viu tudo e ficou constrangido por mim (eu) - o que, por me constranger em dobro, me decepcionou.
mas, nas minhas histórias e estórias,
a melhor parte sempre é quando as coisas fogem ao meu controle, mesmo.
eu amo você por me entristecer - isso me inspira.
amo porque você não existe.
e sobretudo porque isso tudo é uma boa forma de me amar.