quinta-feira, dezembro 15, 2005

Perdoe o meu amor barato...

perdoe o meu amor barato,
de não dar presentes e apertar-lhe o peito contra a parede.
Perdoe o meu amor insano de não olhar nos seus olhos, de lhe morder a boca.
Perdoe o meu amor voraz de lhe puxar os cabelos e gritar um palavrão no seu ouvido,
e gritar seu nome no meio da rua quando você se for.
Perdoe.
Perdoe o meu amor em desespero de lhe telefonar ofegante querendo teu corpo
ou apenas uma palavra, a palavra de redenção do mundo,
e acordar aos prantos e depois lhe sorrir;
de nunca explicar por quê você me irrita tanto.
Perdoe o meu amor-mentira, falso e contraditório, de lhe abandonar para sempre e retornar na próxima semana com os ingredientes para o jantar.
O meu amor perdido, de lhe ferir a palma da mão com uma faca,
agredir o peito com traições e me esquecer de um programa especial, perdoe.
Perdoe o meu amor cego de nunca perceber o seu humor, e também nunca ceder.
Perdoe o meu amor estéril, meu amor vazio, indigente. Perdoe.
Perdoe porque agora ele se esvai em lágrimas, perguntando-se: por que?