quarta-feira, novembro 30, 2005

Se fui eu mesma que (me) inventei...

você não existe mais pra mim.
desculpe dizer assim, com palavras cruas.
e não se preocupe, que estou serena.
a sua não-existência se dá na forma de talvez um pássaro que a gente vê voar longe, e gosta dele por isso - porque ele é quase inatingível,
não se sabe ao certo nem se é um pássaro realmente.
a sua não-existência é pra mim um motivo para gostar de você.
não posso tê-lo...vê-lo, e sei de seus atos por palavras.
finalmente, então, você é o personagem que eu busquei pra mim.
que às vezes me decepciona, como quando, no meio da minha história,
você beijou alguém no meio do bar.
tudo bem, não-existir dá-lhe o direito de viver dias sem-lei.
e eu tive que reescrever, apagando da nova versão outro personagem meu que viu tudo e ficou constrangido por mim (eu) - o que, por me constranger em dobro, me decepcionou.
mas, nas minhas histórias e estórias,
a melhor parte sempre é quando as coisas fogem ao meu controle, mesmo.
eu amo você por me entristecer - isso me inspira.
amo porque você não existe.
e sobretudo porque isso tudo é uma boa forma de me amar.

terça-feira, novembro 22, 2005

Minha meta

minha meta é a loucura de todos os sentidos.
que as metáforas deixem de ser plásticas
e confundam o sentido literal das coisas.
que os ossos se sintam sangrando.
minha meta é não precisar mais perguntar o porquê das coisas,
é a compreensão total de tudo - e essa compreensão será vil, tola, e insignificante. tudo levado ao extremo, elevado ao infinito.
minha meta é quilogramas de dor a cada partícula de lágrima,
é a compreensão de que toda a felicidade do mundo não vale isso.
minha meta é a disfunção matemática,
a gravidade inversa,
o ponto de desequilíbrio,
é ver o tempo esperar, a morte morrer, e a vida sem nascer.
minha meta é o absurdo,
o pesadelo infantil que me persegue,
a lógica,
o esquecimento.
minha meta é a loucura, e a loucura não tem sentido, direção, medida.
a loucura é uma bola de borracha...
minha meta é a loucura, e para atingí-la, primeiro terei que sair de dentro dela...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Mentiras

quero seguir, quero me apaixonar de novo e voltar a acreditar que, de repente, possa encontrar alguém com um amor grande só pra mim.
ah, se você existisse, eu te amaria tanto!

quero seguir, quero não querer mais grandes paixões e amores.
quero viver a minha vida sem precisar de declarações de amor,
sem depender do sorriso de outra pessoa para alimentar o meu.
bastar-me com a literatura, a música, o cinema.
porque meu amor é sempre vaidade e carência, nada mais.

(mas se você existisse eu te amaria muito.)

terça-feira, novembro 01, 2005

isto foi meu dia

antes que eu pudesse terminar a primeira frase, uma lágrima caiu sobre o teclado...