segunda-feira, abril 25, 2011

"- Como assim eu mudei? Quando?
- Quando deixou de ser aquilo que era. Até mesmo quando deixou de fazer questão de todas essas coisas que eu resolvi dar importância. E só dei importância porque quis que você soubesse o quanto eu a amo, o quanto sempre a amei. Antes eu nunca tivesse dito absolutamente nada do que eu disse. De repente, não estaria doendo como dói agora. Mas mesmo querendo muito a sensação de me arrepender de ter dito tudo o que eu disse, prefiro mesmo que você saiba. Um dia talvez você entenda o quanto a sua distração me dói, o quanto esse seu silêncio me rasga. O quanto machuca ver que se estragamos o que poderíamos ser não foi por causa das nossas muitas brigas ou diferenças, foi porque desistimos de ser aquilo que sempre fomos não querendo estragar o que já tínhamos sido sem erro algum. E se isso vai te fazer feliz então seja. Mas não vai ser comigo."

Vai passar ?


"Vai passar, tu sabes que vai passar.
talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
o verão está aí, haverá sol quase todos os dias,
e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'.
pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez".

domingo, dezembro 05, 2010

Medo

"Quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona."

domingo, julho 11, 2010

Você...



Você me provoca, você me perturba.
Joga água e sai correndo.
Atira a pedra e me acerta de raspão.
Me espia no escuro e mostra a língua.
Me xinga. Me atiça.
Invade o meu sossego. Meu refúgio.
Pisa no meu ninho com os sapatos sujos. Na minha toca.
Sem saber o meu tamanho, até onde vai meu bote, você me provoca achando que não há perigo.
Sem conhecer a força da minha mordida, o tamanho dos caninos.
Você me provoca sem esperar a picada.
Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno...

quinta-feira, julho 09, 2009



Pensava que tudo estava definitivamente perdido.
Por ela, por ele, por ambos.
O amor de outrora, náufrago no mar de conflitos, parecia afogado para sempre.
Ainda assim, lançou-se ao resgate, apesar de tudo parecer inanimado.
Já aguardava a confirmação da morte, o atestado de óbito do sentimento dos dois.
Em vão, tentava desesperadamente preparar-se para o luto.
Contudo, foi sacudida por uma onda de surpresa.
Em meio a tanta turbulência, um caminho de flores: no portão, no corrimão da escada, na porta, espalhadas pela casa.
Ainda havia vida apesar da tormenta.
O dilúvio, agora, escorria de seus olhos, de seu peito, de sua alma e um mundo de água salgada inundava-a por dentro.
Nascia uma tempestade de rosas e de esperança.

quarta-feira, junho 17, 2009



TRATO


"vamos combinar, então, que da próxima vez eu abandono esse papel de santa. nada de coração, sentimento ou paixão. nada dessas palavras que a gente encontra em versos e poesias de cartão mal escrito. fica combinado que, da próxima vez, você vai se divertir em outro lugar. vai torcer contra mim sentado em outra arquibancada. rir de outra piada. fica assim, então, combinado. eu não choro mais de madrugada, não me chamo mais de tonta em frente ao espelho, não borro mais com a mão o meu batom vermelho. não puxo os meus cabelos. não brigo mais. nada de gritos e palavrões. nada de portas batidas rachando as paredes aos poucos. nada de perseguições. fica combinado que eu não acredito mais em bonecos de noivos em cima de bolo cheio de creme. em fatia cortada de baixo pra cima. em goles de bebida em copos cruzados. combinado, então. eu não me derreto mais com flores no meio do dia. não acredito mais em frases quase dentro da orelha. em lambidas no pescoço. em telefonemas. não me admiro mais com laço grande em caixa de presente. fica combinado que não sou mais a boazinha, a paciente. a partir de hoje, pedra no lugar do coração. fica combinado que não haverá mais sofrimento, dor, envolvimento. a partir de hoje, abandono de vez o papel de santa. serei puta. a partir de hoje, nem beijo na boca."
(Eduardo Baszczyn)

quarta-feira, abril 01, 2009

porque quando tudo me sangra por dentro..é ele quem me acalma a alma , Caio...

então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres
(Caio Fernando Abreu)

Me doem essas esperas...


"Não, não me diz que sente. Você tem mais planos, vai em frente.
Não me torture. Não simule. Não me cure de você.
Quem sabe dá certo? Quem sabe dá tempo? Deixa o amanhã dizer"

terça-feira, março 31, 2009

Tempo...



Quero o tempo devagar
Para te poder amar
Intensa e ardentemente
Por perto não quero gente
Quero espaço aberto, ar
Para te poder abraçar
Afagar, beijar, beber
Quero ver-te a tremer
Louco de excitação
Quero ter-te sempre à mão
Por nada te quero perder.